Eles são a razão de ser da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro e tem apenas um dia do ano dedicado a homenageá-los. Difícil quem não teve uma professora ou professor que marcou a vida. Eles continuam a fazer a cabeça de muita gente. Da pré-escola à universidade.
Cora Coralina dedicou poema à mestra Silvina, nas lembranças de sua escola primária, na cidade de Goiás: “A gente chegava - Bença, mestra./Sentava em bancos compridos,/ escorridos, sem encosto./ Lia alto lições de rotina: o velho abecedário/lição salteada. /Aprendia a soletrar. (...) [Mestra Silvina] Está no Céu. Tem nas mãos um grande livro de ouro/ e ensina a soletrar aos anjos”.
José de Alencar venerava Januário Ferreira, que andava com a “cabeça reclinada pelo hábito da reflexão”, relata o escritor cearense.
Caetano Veloso fez a música Neide Candolina pensando em sua professora de português. “A mais importante de todas”, afirmou. Dona Candolina, era a “preta chique, linda e superelegante, que ensinava português no Central”, diz a canção.
Até Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares no século 17, devia ter boas lembranças do Padre Antonio de Melo, que o criou, o alfabetizou e ainda lhe ensinou latim em Porto Calvo, na antiga capitania de Pernambuco. Mesmo depois de fugir para Palmares, Zumbi escapava do cerco para visitar o padre.
Nem sempre reconhecido como deveria, a única homenagem, em geral, acaba sendo mesmo o merecido dia de folga. Nada mais justo para quem passa quase todos os dias do ano em companhia de seus alunos pensando, orientando, lendo, escrevendo e trocando informações e sensações sobre o mundo. Por isso, o desejo de felicidade para essa gente que transforma o cotidiano da sala de aula e desvela às nossas crianças e jovens o poder que as palavras têm.
Luiz Henrique Gurgel
Publicado em: 13/10/2010 (
http://escrevendo.cenpec.org.br/)